Aparelho Intraoral para o Tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono

 

Transcrição do Video: Aparelho Intraoral para o Tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono

Olá, eu sou doutora Thais Crosara e hoje eu vou falar com vocês sobre o aparelho intraoral de avanço mandibular para tratamento da apneia obstrutiva do sono.

Nós sabemos que existem diferentes tipos de aparelho intraoral. Na verdade, existem disponíveis mais de 100 tipos de aparelho intraoral, que são muitas vezes comercializados na internet, rede social, farmácia, mas temos aqueles também confeccionados sobre medida, de uma forma individualizada para o paciente.

Será que qualquer um desses aparelhos tratam o nosso paciente? Eu não tenho a pretensão de falar para vocês aqui de todos os tipos de aparelho, mas o nosso objetivo aqui com essa aula é que vocês entendam o mecanismo de ação, possam então avaliar a possibilidade e a probabilidade de responsa do aparelho. Muitas vezes que você está usando, muitas vezes você recomendou para um colega dentista que fizesse para trabalhar em uma equipe multi-profissional com você. Então vamos lá.

Nós sabemos que apneia obstrutiva do sono é um distúrbio respiratório relacionado ao sono, caracterizado por paradas respiratórias enquanto o paciente dorme. E essas paradas respiratórias estão muito relacionadas ao relaxamento da musculatura, da musculatura de cabeça e pescoço e o retro-posicionamento mandibular. O aparelho intraoral tem como objetivo estabilizar quanto necessário avançar a mandíbula, com o objetivo então de aumentar o volume da via aérea.

Então, Thais, eu coloquei meu aparelho, já paro de roncar, já trato minha apneia? Não necessariamente. Tem realmente aqueles pacientes que só de instalar o aparelho, de impedir que a mandíbula abra, que a boca abra enquanto está dormindo, nós já temos a resolução do problema. Mas em muitos casos eu preciso ir avançando lentamente essa mandíbula, de uma forma que o paciente se adapte, tenha conforto e minimize os efeitos colaterais. Então é importante que o aparelho tenha um mecanismo que permita esse avanço lento e progressivo e que o aparelho seja feito sob medida para o paciente, para minimizar ao máximo o desconforto e também para promover retenção.

Porque se eu falo para vocês que o objetivo do aparelho é estabilizar a mandíbula e coloca esses três primeiros aparelhos são de pacientes que vieram pro curso ou que vieram em um consultório se queixando de desconforto ou queixando de não eficiência do aparelho. Se eu falo para vocês que o mecanismo de ação é estabilizar, ele tem que ter um mínimo de retenção. Então se eu falo para um paciente, relaxa e o aparelho se solta, com muita facilidade, leva a crer então que quando ele dormir e relaxar o aparelho não vai reter esta mandíbula. E não retendo a mandíbula, além de não tratar a apneia, muitas vezes ele pode piorar. Porque é um volume dentro da boca que pode levar a língua ainda a ficar mais retroposta. Mas eu preciso encontrar um equilíbrio entre retenção e conforto, porque também, se eu coloco o aparelho apertado demais, comprimindo demais, pressionando demais, os dentes do paciente não consegue usar.

Então, muitas vezes eu preciso encontrar esse equilíbrio. No momento da instalação, o paciente tem que entender o que é normal e o que não pode. O paciente sentir o contato do aparelho em todos os dentes é normal, mas se ele fala para mim, Thays, esse dente dói, esse dente está comprimindo mais, estou sentindo maior pressão, eu preciso corrigir.

Entendendo que o paciente vai ficar a noite toda com esse aparelho e vai usar por um tempo indeterminado, então ele precisa ter conforto. Certo? Eu coloquei aqui para vocês embaixo dois aparelhos para que vocês possam ver. O paciente tem que saber colocar, tirar, tem que ser de fácil manejo, precisa ter sim uma leve resistência.

Esse primeiro aparelho é o que nós chamamos de some no dente. São duas placas elas são desvinculadas e de fácil adaptação  e normalmente nós indicamos para aqueles pacientes que têm mais uma sensação de claustrofobia , que não consegue ficar com a boca totalmente travada.

Esse aparelho verde é o PN-position tipo 2, observe que o paciente tem que fazer uma certa resistência, uma certa pressão para romper essa resistência  e para o aparelho então ser removido.

Um outro fator então muito importante que a gente observa é a dimensão vertical. O que é a dimensão vertical?

É a distância entre a arcada superior e a arcada inferior. O contato entre o incisivo superior e o incisivo inferior. Essa distância entre a arcada superior e a arcada inferior tem que ser alterada o mínimo possível, porque a literatura já me traz que para cada um milímetro que eu aumento a dimensão vertical, que eu aumenta a distância entre a arcada superior e a arcada inferior eu recuo 0,3 milímetros.

Então, quanto mais eu aumento a dimensão vertical, pior a eficiência do meu aparelho. Pior é, então, a resultante de avanço mandibular. Então, quanto menos eu altero a dimensão vertical, menos eu rotaciono a mandíbula para trás. E também tem esse outro trabalho que tem mostrando-se de uma forma bastante interessante: Aqui a posição inicial é a relação de máximo de hospidação, a posição 2 é a posição, é a máxima protusão confortável e a posição 3 é a máxima protusão confortável, um aumento da dimensão vertical. E o que eles observaram, gente? Olha, na posição 1 eu tenho um volume de via aérea, na posição 2 eu tenho um ganho nesse volume de via aérea e na posição 3, onde eu aumentei a dimensão vertical, eu perdi volume de via aérea.

E essa perda de volume, ela acontece tanto em velofaringe, em orofaringe, quanto em hipofaringe. Então, se eu falo para vocês que o aparelho intraoral precisa ter a menor alteração de dimensão vertical possível, eu pergunto para vocês qual desses aparelhos tem o maior potencial de ação.

Maior chance de resolver e de ter menos que o paciente apresente menos desconforto, esses da esquerda ou esses da direita? Observe quanto está aumentado a dimensão vertical desses aparelhos.

Tem alguns casos que o paciente apresenta uma curva de Spee muito acentuada e nós precisamos fazer algum tipo de individualização para minimizar o máximo da dimensão vertical. Mas observem que especificamente nessa paciente não foi difícil. O aparelho da esquerda realmente tinha sido confeccionado com ganho excessivo de aumento, excessivo de dimensão vertical e confeccionando o outro aparelho de uma forma adequada, nós conseguimos minimizar ao máximo essa alteração da dimensão vertical.

Então, deixando algumas mensagens finais para vocês, o aparelho Intraoral de Avanço Mandibular é um tratamento efetivo no controle da apneia obstrutiva do sono, porém, assim como qualquer outra terapia, ele apresenta indicações, contraindicações, limitações e tem potencial, sim, para causar efeitos colaterais.

É fundamental uma anamnese detalhada, individualizada e abrangente para que nós possamos estabelecer o correto diagnóstico. Definimos o melhor protocolo terapêutico e assim nós possamos alcançar o maior sucesso possível e ter o melhor prognóstico possível. Lembrando sempre, esse aparelho o paciente não vai usar por um ano ou dois. A apneia obstrutiva do sono é uma condição clínica progressiva. Nós temos pacientes usando cinco, seis, sete anos de uso do aparelho intraoral.

Muito obrigada pela presença de vocês. Nos vemos nas próximas aulas.

O que é a Odontologia do Sono

A odontologia do sono, também conhecida como odontologia do sono e medicina do sono, é um campo da odontologia que se concentra no diagnóstico, tratamento